quinta-feira, 20 de junho de 2013

Avisei terrestres e celestes que quase não aguento mais

Avisei terrestres e celestes que quase não aguento mais
Poderiam enviar um disco voador?
Me por em cima dum satélite?
Para vigiar de forma mais distante essas cidades?

A culpa é do Amor,
Que arrastou minha razão para o fundo daquelas águas paradas
(Das angústias)

Sinto falta de beijos e abraços verdadeiros
E talvez o sejam,
E as dúvidas culpa de minha mente perdida na insegurança

Onde estão aqueles passos que me seguiam com mais intensidade?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

...

Deve doer muito para você não acreditar em nada que venha além da terra
E a mim dói mais não acreditar apenas nas coisas que vemos
De tudo isso, desejo que meu direito de sobreviver dessa forma não seja sua eterna convicção de querer provar que estou do lado errado 
Assim, peço a Deus que tuas belas palavras não sufoquem nosso encontro...

Paraiso

Deixai a porta aberta, deixai
Prometa agora que seu céu é de brigadeiro
Que sua criança renasce o ano inteiro
Assim as flores perduram no inverno

Deixai as palavras se esparramarem pelo chão, sem dó,
A cada inverno que chegar, de cada verdade suja que brotar
Seja fiel ao seu destino, como se fosse um filho
Sem esquecer de arranjar histórias verdadeiras de outros,
Para compor um livro bem preciso,
Que nada tem a ver com seu pequeno umbigo

...

Enxergo de longe as portas que ei de cruzar,
É isso que tem mantido minha via
E olha que minhas mãos andam tão geladas, enquanto as suas tão quentes
Me fazendo temer o morno, o insípido, o monótono
Que o tempo nos encontros traz

Carta

Há anos, num processo de pleno desencanto, reconstruo toda minha proposta de vida,
Porque disso tenho necessidade, e não há nenhuma outra alma capaz de me impedir
O que faço é um convite a qualquer um que esteja disposto a caminhar junto 
Nesse processo que, na verdade, é anseio de todos
Que querem cálices que transbordem,
Amores que em essência não fazem sentido,
E que, mesmo assim, flutuem sobre a maré num barco seguro
Que pasmados pelo grande em cada um enxerguem que a simplicidade é realmente bela

...

Não queira permanecer em posição de defesa
Não queira perder-se em vaidades
De nada dependem os jogos de amor
Porque esse é sentimento que não compete

...

Posso cair de uma velocidade que resultaria em morte e conseguir sobreviver,
E nada me causaria tanta dor quanto deixar de te ver
Tentei me curar imaginando como tudo seria se suas mãos não tivessem chegado até as minhas
Mas nesse exercício só enxergo casas vazias com jardins estéreis
Assim, você tem me condicionado a sentir que o melhor do meu dia vem dos seus braços
E insistentemente a vida ganha mais sentido

...

Agora não há mais espaço vazio de ideias,
Estão lá, sim. Mesmo que maturando em gestação

...

Se tuas asas, pregadas no chão
Se olhos, distantes do instante
Se sentimentos, influenciados pela segurança
Basta amar presentes
Basta esquecer promessas
Basta guardar as palavras que foram boas
E não esquecer que para evitar a dor, a música é o maior poema

Medo


Todos os dias repasso meus passos sobre caminhos diferentes,
Mas em todas as horas carrego o medo de sentir sua ausência
Se suas palavras formassem frases claras,
Se soubéssemos romper a lógica de comparar pessoas que ocupam o mesmo status de amantes em tempos diferentes,
Se dissolvesse as dores do passado em água corrente,
Se eu tivesse a sabedoria de simplesmente não sofrer frente a incertezas,
Caminharia em paz
Entretanto, o que restaria de mim por fim?
Restaria uma alma leve,
De voz mais animada,
Com orgulho aparente,
Que não ligaria para idas e vindas de oponentes...
Talvez, verdadeiramente livre das ideias e das opiniões
Mais carnal e menos racional
O que restaria de mim?
 

Nós dois...

O que tem de perfeito é a novidade que nós dois esperávamos
Assim paramos para ver o céu de dentro de um carro imaginário movido a desespero 
Criamos histórias onde reis e rainhas beijam os pés de plebeus 
E vamos dormir para viver de verdade
Mas é concreto que respondemos apenas a estímulos físicos, enquanto nossas raízes crescem sob um único terreno 
Terreno este trabalhado para produzir ideias já maculadas pelo terror,
Porque é pelo medo que julgo a possibilidade de nos perdermos um do outro
Consegue enxergar beleza na insegurança de dizer seguramente eu te amo?

Jamais...mas

'Jamais se ponha por inteira nas mãos de um estranho'

Me divertia passeando o olhar pelas nuvens,
Deixando imaginar que entre as frestas que pairavam no ar 
Outros seres além da via láctea nos incentivavam a continuar 

Meu costume foi paralisado quando encontrei coisa melhor aqui no chão
Eram pares de olhos parecidos com paixão,
Mas bastante escuros, de difícil interpretação

Desde o início deixei clara minha fraqueza,
De acreditar mais no claro do que no escuro,
De necessitar mais do tato, do que do etéreo

Mas seu esforço para escutar de mim as cinco letras das palavras que compõem o verdadeiro estado da vida parecia tão gigante
Que um dia consegui dizer que tinha aprendido a amá-lo

Assim, tinha acabado de esquecer do que me ensinaram de pequena...

...

Pouso onde não quero estar,
Prego meus joelhos longe dos oasis que sonho chegar
Tenho dificuldade em meditar sobre o nada
E a razão da minha falta de certeza
Acompanha multiplos desejos
Inesplicáveis vontades
De, simplesmente, andar sem rumo
No desejo de algum rumo encontrar

Preciso acreditar em pegadas maiores para seguir...
O paraiso é dentro ou fora de mim?

Thanatos

Eu desespero aos pouquinhos
Tentando segurar a esperança que vai caindo entre os braços, antebraços, mãos, por fim dedos
Discuto com mim mesma que não é nada disso
Aperto forte meu coração com as mãos, como se assim pudesse reanimá-lo
E nada disso adianta
Prossigo apática à todos os olhos
E duvidosa se até de quem vejo no espelho devo minha confiança

...

Não me deixe isolar, ficar distante entre o passado que não foi e o futuro que não sei
Não me deixe partir como eremita sabendo que meu coração admira a qualidade das civilizações
Há uma força aqui dentro que me leva para onde não quero
Um orgulho estúpido como se meu umbigo fosse o centro do mundo
Não me deixe isolar assim,
Amargar assim
Foram tantas horas perdidas ruminando pequenas anomalias minhas,
Que me sinto estragar

1

Ficam me dizendo que do lodo nasce o magnífico
Que do absurdo surge o absoluto
Que depois da cova, vem o renascimento
(mesmo que de uma planta posta em cima do cimento)
Que depois da humilhação, virá a desforra

Religião

Encheram-me de esperança
Me abriram feito um recipiente e derramaram até a boca 

Já fizeram isso tantas vezes
E eu gastei tudo até a última gota

Sintomas

Não é que eu lamente 
Simplesmente dá dor nos olhos e água no peito
Coisa assim
Coisa e tal

Procurei um doutor pra me explicar
E a única coisa que recomendou
Foi (te) deixar

Deixar o que está se tornando o mesmo
Reposicionar o prumo
Só assim, verificar se ainda tem jeito

Mas jeito de outra forma
Estando tudo novo,
Não que outros sejamos
Entende?

Moléstia

A morte constante da alma é algo mais presente do que se imagina
Ela vai aos poucos se esvaindo pelas brechas que se abrem do alto da cabeça,
Ladrilhos rachados dos olhos, entre as curvas destroçadas das orelhas

Esses dias me apercebia tão fraca, que por pouco não deixava esta terra
Foi preciso me recuperar a base de malvas celestes, sonetos barrocos e suspiros de Cecília (a Meireles)

Tome cuidado, pois dias de inverno disfarçadamente quentes aumentam as chances de displasia generalizada da alma
O primeiro sintoma é a descrença, inclusive de que se exista!

...

A grave verdade é que suporto bem menos 
Não sei ao certo quem existe
E nem por quanto tempo continuarei desistindo de tudo
As obras de minha mente são de gente cansada
De mãos trêmulas

Se profundamente me entendessem...
Mas não sei fazer cálculos
Não sei medir palavras
Quero alguém que me segure, assegure
Mas esses estão em falta
Ou também estão com medo

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Trabalho Escravo


Tão estúpido escrever sobre a labuta forçada de mais de 42 mil humanos
Tão espúria a verdade de que ainda é necessário discutir se expropria-se ou não imóvel de quem lucra reduzindo sempre mais a mais valia
O que falta a esses homens não é bom senso
O que sobra nesses homens é maldade
O que choca é ainda ter que explicar que o outro sou eu


sexta-feira, 13 de abril de 2012

...

Não uso mais aquarelas e isso me faz falta
Assim como faz olhar despercebidamente outras pessoas
Não ligar para o julgar dos olhares
Reparar apenas nas diferenças por serem diferentes
Maldito preconceito em meus órgãos oculares

quinta-feira, 8 de março de 2012

...

Todos os atos não podem mais ser medidos com olhos tão abertos
Buscar tanto para quê?
Não precisa mais fazer sentido estar só ou junto
Ontem eu gritei em silêncio
E aliviei depois disso